quinta-feira, 5 de maio de 2016

Água de Maio, pão para todo o ano



















Hoje chove. Ouro para a terra e para as sementeiras. Dia para agradecer.
E já estamos quase no meio do ano. Como o tempo passa... Mas a verdade é que, graças a este meu sentir mais calmo neste ano, apesar de rápido, como sempre, também sinto cada dia como o dia a ser vivido e isso tem o efeito psicológico de prolongar mais o tempo dentro de mim.
Maio. Que seja um mês calmo, pacífico, chuvoso e soalheiro q.b., que nos permita dias de paz e sorrisos, seja qual for a forma que isso venha à vida de cada um. 
Por cá, aproveitamos para vender o estrume que temos tirado do curral, que ele é muito só para nós e assim tentamos rentabilizar o trabalho.
Aproveito para olhar o céu e admirar as diferentes tonalidades que se apresentam a cada dia, conforme os seus humores. E que lindas são elas todas! A contrastar com a cor das flores dos frutos que hão-de vir, sonha-se já com as marmeladas caseiras do fim do Verão.
Continuo também a esperar e a sonhar com o licor de sabugueiro que planeio fazer, provavelmente ainda este mês, que as flores estão a amadurecer. Suspiro, que é isto que faz o meu coração dilatar-se de prazer.
Aproveito para admirar a natureza no seu processo de multiplicação das espécies. Ver esta mãe gata escondida com as suas crias irrequietas à procura de alimento foi uma imagem enternecedora. É verdade que estamos fartos de tantos gatos por aqui, que estão a ser uma verdadeira praga, mas não há como impedir a natureza de seguir o seu curso e acaba por ser bom saber que não controlamos tudo.
Aproveito para apreciar as abelhas que zumbem ferozmente à volta das glícinias, e nós a usufruir da beleza, do cheiro e da sombra. E ver os prados calmos, que ondulam suavemente ao sabor do vento, produz uma calma indescritível enquanto os pulmões se enchem de ar fresco.
Aproveito para ansiar pela tosquia das ovelhas velhinhas que temos cuidado. Talvez este ano consiga conversar mais com o senhor, talvez ele me dê mais informação que no ano passado, talvez também ele tenha contactado com mais alguém curioso sobre a lã, como eu. Adorei a experiência do ano passado, talvez este lhe adicione mais lições.
De toda esta minha vivência no campo, o que tenho aprendido é que a aprendizagem tem sido um processo muuuuito lento, para mim. Trabalhar a natureza é um processo cíclico, hoje é uma coisa, amanhã é outra, e só para o ano o processo se volta a repetir e se não aprendemos este ano, teremos de esperar pelo próximo... Isso é bom e é mau. É bom, porque nos ensina a paciência. É mau porque, para quem é ansioso como eu, esperar implica também lidar com a frustração de não se ter alcançado o objectivo desejado. Mas importa abraçar as lições da vida e respeitar o seu ritmo próprio. E depois, temos todo o tempo do mundo. Que é como quem diz, enquanto há vida há esperança, e se não houver vida, não é preciso aprender mais neste lado de cá!
Um dia de cada vez e graças a Deus por cada um. E que Maio nos traga motivos para sorrir e agradecer.


8 comentários:

  1. Que fotos lindas, que palavras acertadas...Ver, viver e no teu caso trabalhar com e na natureza ensina muito e a sabedoria de esperar ciclos é maravilhosa! Tudo inicia, tudo se vai. E nós a viver com alegria cada novo ciclo! Agradecendo SEMPRE! bjs, tudo de bom,chica

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    1. Sim, Chica, e com o tempinho molhado como está hoje e a temperatura amena, é pura delícia! Beijos e boa continuação.

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  2. :) se fossemos de mais pertinho, tinhas cliente para o estrume!
    Sabes qual será melhor altura para plantar sabugueiro? Fica muito grande a planta? Tenho ideia de por um no terreno, mas este ano ainda "andamos às voltas com a terra"...
    E devagar, um ano de cada vez, as aprendizagens vão aumentando, assim como o desejo de aprender sempre mais alguma coisa...
    Beijinhos e bons trabalhos!

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    1. Falei aqui com o mestre da agricultura :) e ele diz que a melhor altura para plantar o sabugueiro é entre Dezembro e Março, dependendo das condições climatéricas. Se cresce muito? É conveniente podá-lo para o fortalecer e dar forma. Se não, sim, pode crescer bastante. De resto pega facilmente. Se arrancares uma estaca de um sabugueiro e a espetares na terra, é tiro e queda :) E assim vamos continuando e aprendendo! Beijinhos e bom trabalho também para vocês.

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  3. Que postagem linda, belas palavras,enquanto há vida há muito que aprender sempre.
    E quem tem a vida no campo compreende mais os ciclos da vida, fica mais perto de Deus e da natureza...adorei as fotos, amo a flor da glícinia, tenho da lilás e da branca, mas por aqui não dão muitas flores, é o clima.
    Delícia andar por esses campos no meio das ovelhinhas.
    Licor de sabugueiro , nunca vi falar, e nem vi por aqui.
    tomei chá de sabugueiro na infância qdo tive sarampo,nem me lembro do gosto , faz décadas kkkk

    continue na lida e seja feliz!

    abraços com carinho!

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    1. Que palavras tão bonitas, Lena! Obrigada. Não me lembro de alguma vez ter visto glícinias brancas... Só lilases e são maravilhosas, cheias de abelhas em volta. O sabugueiro também tem um aroma espectacular, do qual se faz chá, refresco, licor e talvez mais coisas que ainda tenho para descobrir. Sempre a aprender. E sim, assim sou feliz. Abraço apertadinho.

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  4. Tudo tão lindo! Aqui no "meu" campo, estão a faltar-me o sabugueiro e os gatinhos! ;) Boa semana! xxx

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  5. Bonitas fotografias e texto! inspirador e feliz.

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