sábado, 25 de março de 2017

Sobe, poço, e vós cantai dele! II



Gostaria de terminar a nossa conversa sobre Moisés, lembram-se?
Ficámos em Moisés ter ensinado o povo, ele próprio, a fazer nascer poços no deserto, sem depender de terceiros.
Retomo a passagem da Bíblia relativa a esta conversa:

"E dali (Moabe) partiram para Beer; este é o poço do qual o Senhor disse a Moisés: Ajunta o povo e lhe darei água. (Então Israel cantou este cântico: Sobe, poço, e vós cantai dele: Tu, poço, que cavaram os príncipes, que escavaram os nobres do povo e o legislador com os seus bordões.) E do deserto partiram para Matana;" - Números 21, 16-18



Tal como Moisés fez para com o seu povo, há tempos em que precisamos de alguém que fira a água e nos traga livramentos; que abra mares e nos ajude a passar; que ore e Deus faça vir provimentos, codornizes e manás; que indique caminhos, que mostre soluções.




Mas mesmo esse que seja o mediador de tantas coisas importantes da graça de Deus na vida do povo é somente um ser humano e tem o seu limite; carrega, nas soluções que traz, a sua própria tentação e a sua própria sina; carrega, na graça que produz, a sua própria fragilidade. Na mesma medida em que ele é instrumento das águas, ele é tentado por elas. Na mesma perspectiva em que ele traz soluções pela água, ele traz complicações pessoais pelo cansaço de trazer água, mas ele mesmo não ter, jamais, a sua sede dessedentada pelo descanso. E na sua canseira ele tropeça nas soluções que traz. Isto, do ponto de vista de Moisés.



Do ponto de vista do povo, chega a hora em que cada um tem que aprender a fazer evocações ao chão do deserto, com o coração nos céus e os olhos no chão; tem que aprender a desenvolver a inspiração que não depende de ninguém nem de um terceiro. Isto é o crescimento da consciência individual e colectiva e que tem de chegar ao nível capaz de aprender a fazer poços no deserto; e a fazê-los sem que os baptize com nome especial; e a fazê-los com a consciência de que no deserto só fazemos poço quando cavamos com louvor e gratidão.




Muitos de nós já nos acostumámos a ter sempre ajuda de pessoas - e isso é natural; a ter a ajuda de alguém mais sábio, alguém mais maduro, alguém mais experiente, alguém mais enraizado na fé, alguém com mais consciência, alguém com mais história, de uma certa liderança e visibilidade que produz encaminhamento.


Tudo isso é normal, mas tudo isso tem um tempo. Todo o Moisés morre. Todo o ser tirado das águas pode tropeçar nas águas. Nenhum de nós é chamado para permanecer dependente de um único, pois há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo, homem. E também porque Jesus nos disse: "Aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço, e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai". E já dissera também: "Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva".




Já entrámos numa era onde nenhum ser humano é chafariz de todos os demais; onde nenhum Moisés, de tanto que serviu, se canse de servir e peque, no acto de servir. Já entrámos numa era em que está dito que cada um daqueles que crêem em Jesus, segundo a Escritura, do seu interior fluirá Beer, o poço, a fonte das águas da vida.



Que possamos ter a alegria de olhar e dizer que os príncipes do povo, todos, se reuniram; e que o povo todo aprendeu a reunir-se; e que todo o povo de Deus aprendeu a cantar junto: "Sobe, poço, e vós cantai dele. Sobe, poço, e vós cantai dele: Tu, poço, que cavaram os príncipes, que escavaram os nobres do povo e o legislador com os seus bordões.Sobe, poço, e vós cantai dele." Que cada um aprendeu, pela fé, a abrir poços, com canções, com poesia, com louvor; com essa fé que faz um ceptro sair da nossa boca, das palavras da positividade do nosso ser grato e confiante na providência de Deus. Que por tal ceptro de palavra e de fé, de alegria, de gratidão e de confiança, cada um de nós aprenda a cantar para os céus, fazendo uma poesia que rasgue o chão. E que do chão da nossa vida, conforme a nossa necessidade, brote o poço da misericórdia de Deus, bem diante de nós.




Que cada um de nós possa aprender hoje, possa começar a exercitar agora, possa entender que no deserto só abrimos poços quando os cavamos com louvor, com gratidão, com confiança desamargurada, com alma cheia de poesia aos céus.




Agora, sobe, poço, e vós cantai dele! Vais voltar para o teu deserto? Vai, mas vai a cantar. E não cantes apenas para dentro, tem a coragem de cantar para fora, também. Louva! Louva na mente, louva com o coração, louva com atitudes, louva com pensamentos: Sobe, poço! Sobe, poço! E vós cantai dele!




Sem nos isolarmos e continuando a reunir-nos com os nossos próximos na fé. Sabendo que eu individualmente cavarei os meus poços; e sabendo que nós, conjunta e colectivamente, também nos reuniremos para cantar aos céus, enquanto olhamos para o chão da realidade; e, juntos, abrimos poços de louvor que vão dessedentar a sede de todos nós. Em nome de Jesus :)


2 comentários:

  1. É verdade só fazemos poço com muito louvor e gratidão!

    muito bom de te ler.
    Abraços.

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  2. Ana, boa tarde!

    Obrigada por essa partilha da Palavra! Trouxe alento ao meu coração! Que Deus te abençoe!

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